domingo, 24 de janeiro de 2010

GP Fim da Europa 2010 - "Listen to your body"!


E foi isso mesmo que fizemos! Foi a estratégia desta corrida!

Há vários meses já, desde a nossa inscrição, que a ansiedade, angústia e o medo do desconhecido nos ia comendo por dentro aos poucos. De tal forma que, para além de nos interrogarmos, cada um, para dentro, se seriamos capazes, já nos começávamos a perguntar uns aos outros, primeiro, e a dizer, depois, que não íamos conseguir chegar ao final desta corrida.

Era apenas uma questão de tempo até este auto-terrorismo psicológico, silencioso, nos acabar por nos derrotar. Felizmente, o dia da prova chegou antes do "breaking point", e lá nos encaminhámos os 3 Unidos da Castilho que tiveram (desculpem mas não há outra forma possível de dizer) tomates para ir, para a linha de partida, preparados para o pior. Mas, devo dizer, cheios de motivação!

A este clima de terror ajudou também o que lemos sobre provas de anos anteriores. Se é verdade que elogiavam a extrema beleza inigualável do percurso, e por nós confirmada, digna de um verdadeiro património mundial, verdade é também que pintavam um quadro bastante cinzento, para não dizer, como dizem os americanos, "pitch black".

Histórias à parte, medos de lado, o facto é que esta manhã lá estávamos os três a olhar para este Golias que nos aguardava a esfregar as mãos, camuflado no seu manto de nevoeiro matinal a que todos já nos habituámos. Mas, como na velha história, aqui os 3 Davides derrotaram o gigante.

Temos que agradecer esta vitória em parte a todos os que nos disseram que a prova era muito difícil, que era de facto dura e que muito provavelmente iria chegar ao km 9 ou 10 a andar, nem que fosse um "pedacinho" (como agora gosta de dizer o P. Portas). Foi isso que fez com que, conscientemente mas quase em silencio, numa estratégia de equipa que se foi formando à medida a corrida, e baseada no lema combinado ad hoc "listen to your body", do nosso "Clipsman", os Unidos da Castilho geriram o seu oxigénio ao longo destes maravilhosos 17 km, desde a Volta do Duche até ao Cabo da Roca.

E foi providencial. Fizemos os primeiros 9 km em ritmo de passeio, se é que se pode chamar passeio a uma subida de 10 km ... Havia quem dissesse, com alguma piada, que até de carro era difícil quanto mais a pé. Mas a verdade é que fomos num passo muito moderado, sem pressas ou sequer aquelas excitações que nos têm caracterizado nas 3 ou 4 corridas anteriores, de principiantes. Não houve aquela preocupação tonta de estarmos a ser ultrapassados aos 500 metros iniciais e a pensar que estava tudo perdido. Aliás fomos, literalmente, os últimos a sair graças às chamadas da mãe natureza de um Unido...

Estamos, finalmente, a crescer, e isso deixou-nos a todos num estado de felicidade quase inebriante no final da corrida, que pode também ter sido da falta de oxigénio no cérebro, não sei. Mas o facto é que viemos os três no autocarro de volta para Sintra coo crianças sem sermos capazes de nos encostar para trás nos bancos, a falar sobre a corrida sem parar, dos pormenores, dos momentos altos e baixos do percurso, da beleza estonteante Queirosiana de Sintra, enfim, desta maravilhosa manhã que tivemos.

Devemos em parte esta "nova" sabedoria estratégica ao nosso "Clipsman", que já tem mais algum tempo disto e, mais importante, acesso ao Oráculo, que vai adiantando conselhos, instruções e outras valiosas peças de informação para o pré, durante e pós prova.

Quanto à prova em si, acho que a posso resumir numa só palavra: Maravilhosa.

É uma prova dura, sem dúvida, mas que se fez muito bem. A paisagem é desconcertante. A quantidade de verde, de ar puro, de casas lindíssimas, quase saídas de contos de fadas, o ambiente meio intimidatório meio fantástico da Serra, foram sem dúvida mais valias para uma prova destas!

A organização foi quase perfeita. Deixámos o carro em Sintra, pusemos os nossos sacos, marcados com etiqueta própria que nos forneceram, numas carrinhas disponibilizadas para o efeito, e à meta uma gigante tenda lá nos esperava para nos manter aquecidos daquela ventania do Cabo da Roca, com bebida e comida. Os sacos lá estavam à nossa espera.

Foi pena os sacos estarem um pouco ao monte, já que o que menos apetece depois de fazer 17 km é andar de rabo para o ar à procura das nossas coisas. Apesar de ser um bocado confuso, a verdade é que depois de perguntar à organização, percebi que os sacos estavam mais ou menos organizados por conjuntos de números e lá encontrei os meus. Mas não foi de todo por aí que se retira competência à organização. Apenas é uma ideia para repensar.

Contas feitas, e penso que posso falar pela equipa, estamos maravilhados com esta prova. Para o ano queremos mais! Estamos todos de parabéns.

For the record:
FFC - 1h31,08
JAA - 1h31,21
FRA - 1h40,47

2 comentários:

  1. Já estava a pensar que a culinária tinha tomado totalmente o lugar da corrida. Folgo em saber que se complementam!
    Faltam 364 dias para o XXII Grande Prémio Fim da Europa!

    ResponderEliminar