21 dezembro 2009

52º Grande (nem por isso) Prémio do Natal


Este testemunho do GP de Natal de 2009 vem com atraso, mas é um atraso propositado.

Devo dizer que, de "Grande", este prémio de Natal não teve nada... a não ser a "cagada" da organização, visível, de resto, na foto, e a descida do Saldanha para o Rossio.. Granda descida men! Até sentia o vento a passar nas orelhas... vvvvvvvvvvvvvvvum!

Sendo novato nestas coisas das corridas urbanas, antes de refilar, quis dar algum tempo depois da corrida para escrever o meu retrato da manhã fria, mas sobretudo, "enegrecida" do GP de Natal, para não deixar sair toda minha raiva, desilusão e fúria contra a organização do evento, contra os homens dos chips, ou contra quem quer que tenha sido o responsável pelo absurdo que se viveu no final da corrida.

Quis também dar espaço de antena aos entendidos para tomar um pouco o pulso às reacções e ânimos, e ainda confirmar se, de facto, tinha assistido ao espectáculo verdadeiramente anormal que julguei ter assistido.

Não sendo um habitué destas corridas e, muito menos, conhecedor das vicissitudes excitantes da recta da meta, para além do que vi ao longo da vida na TV ou nas 3 corridas em que entrei desde que me iniciei, o que assisti, na pele, este dia 13 de Dezembro (só faltou ser 6ª feira) foi um verdadeiro episódio cómico-trágico que, por momentos, e dada a fadiga, me pareceu ser uma espécie de "post traumatic stress disorder" que estava a viver devido cansaço dos 10 km percorridos. Tipo aqueles sonhos em que se tem a sensação de estar sempre quase a chegar a algum lugar, mas nunca se chega...

A uns metros daquele tão aguardado balão-cilindro laranja que compõe o portão da meta, e lançado que ia eu, e todos, concentrado no meu sprint final, vejo dezenas de mãos, de corredores e de "chip-mens" a barrar-me o caminho, quando eu mais não queria do que chegar antes de bater o minuto 40! Naquele momento, nem me passou pela cabeça que os corredores no meio da pista a 2 metros da meta estivessem conluiados num plano maquiavelico para me impedir o propósito, até porque não ia bater nenhum record, a não ser o meu... e daí até se calhar passou, dada esta minha tendência megalómana...mas não interessa.

De tal forma, que houve lá um que até fez beicinho quando temeu que eu fosse ficar à frente dele na fila indiana que estavam todos a organizar para cruzar a meta, achei eu, de mãos dadas.. mas não, não passei à frente dele e, feito parvo, parei e não passei meta em grande. Sei hoje que devia era ter ignorado e corrido mais dois metros e pronto. Mas enfim, nestas coisas a pessoa, que não está de mal com a vida, duvida e pára, não vá o aviso ser por causa de um buraco gigante sugador de corredores, de formação espontânea, logo a seguir ao tal balão laranja.

Felizmente, eu cheguei no momento "M" e apenas estive nessa psicadélica fila 50 segundos, tendo ficado com um tempo registado de 40 minutos e 50 segundos. Mas isso fui eu, sortudo, que tive o privilégio de chegar mal o problema tinha começado.

Não é que, por alguma avaria qualquer do sistema dos chips, segundo ouvi, aliado ao facto da banquinha da entrega de t-shirts (coisa importantíssima..) se encontrar ao fundo de um túnel gradeado com passagem apenas para meio corredor, segundo vi, se começou a formar uma verdadeira fila à entrada da meta!! Ainda hoje não sei bem qual foi afinal o problema... mas que foi grave, e sobretudo muito chato para nós, foi.

E não minto! Não só o evento está documentado, como assisti, na meia hora ou mais, seguinte, a centenas de corredores a ter que fazer aquela paragem brusca que eu tinha feito, mas cada vez mais longe da meta, e com a mesma cara de parvos que eu, a pensar que raio se estaria a passar...Imagino o que terá sido para os que tiveram que parar sem saber sequer o que se passava!

Resumindo, os tempos de todos aqueles desgraçados que chegaram pouco depois dos 40 minutos ficaram no esquecimento formal, no lixo das médias.... Quase uma hora de suor e sofrimento e, neste caso, frio, para não ter confirmação do tempo. Andámos todos a ter que fazer contas e a dizer: "epá, marcou 42, mas foi porque havia lá uma cena com os tempos à chegada, porque eu contei 41, a sério pá, foi os tempos.. os chip-mens...!". Não fica bem e faz-nos passar por mentirosos, e mais tarados (ainda).

Não é que, em conversa com o resto dos terráqueos, a questão do tempo faça diferença. O importante é participar e tal e coiso...

Mas para sermos francos e honestos, e aqui entre nós os tarados da corrida (grupo no qual já me incluo com orgulho) o tempo é o que conta pá nestas coisas pá!!! É isso que nos diferencia a nós, corredores, uns dos outros!!! Como raio vamos competir uns com os outros, posicionar-mo-nos no universo das corridas, melhorar a nossa performance e motivar-nos para a próxima batalha sem a merda do tempo!!??? ãh????

Tou chateado, muito chateado..não sei senão desisto de vez. Não...estou a brincar, mas foi muita chato. Muito chato mesmo. E, como dizem, a AAL fica muita mal nesta foto de inverno. Não vi sequer uma justificação, ou pedido de desculpa ou "olhem lá, desculpem mas não foi por mal, não se zanguem". Nada. Ainda pior. Só vi, no site das classificações: "classificação temporária" tal e tal... Temporária o cacete! Nunca vão é saber a definitiva.

Bom, agora desanuviado, de resto, a prova correu bem, grande descida para o Rossio e no geral prova de carácter descansado, o que permitiu cansar-me mais do que nas outras. Mas que teve, para mim, o belo sabor e recompensa de melhorar 5 minutos o meu record pessoal, passando de 45 minutos para 40!

E agora, S SILVESTRE 27/12!!
Um conselho à organização: Cuidado com os "chip-mens" no meio da pista de braços no ar, e com a oferta "grates" das t-shirts... ponham-nas bem lá para longe da meta sff!!! deixem a malta terminar o sofrimento com alguma alegria...

Até la!
Doc

1 comentário:

  1. Grande artigo. Ninguém pense que há uma ponta de exagero. Foi uma pouca vergonha! Valeu-nos o belíssimo percurso.

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