sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Xico's (põe-te) Fininho


Começo hoje um novo capítulo, de critica.

Estas coisas funcionam como um vírus, um bicho que está em hibernação ou incubação durante um tempo e que, a certo ponto, e por outra causa qualquer, resolve passar ao activo. Há como que um rastilho que é aceso, e que já não é possível apagar. E o vírus manifesta-se. Em força.

É isso que me traz a estas linhas. Gosto de culinária e gastronomia . Gosto de conhecer lugares novos, ideias novas e sabores novos. Mas também não gosto quando crio uma expectativa sobre um qualquer mito, um lugar ou um sabor,e depois sou traído pela crua e dura realidade. E foi isto que me aconteceu há dias, e que fez com que o vírus se manifestasse.

Tudo começou mal. No próprio do Jardim do TABACO, não havia trocos para o dito... Nem o Xico, aparentemente, tinha, nem os demais queriam dar. Os trocos pareciam ter desaparecido da face da terra. Até o homem da casinhota de tickets do parque não tinha. Nos dois ou três lugares que havia abertos, olhavam-me com cara de estranheza, quase "agressivódefensiva". Os trocos passaram, pelo menos ali, a ser um bem precioso que nunca, nunca se pode dispensar a um forasteiro. Nem para tabaco, no Jardim do Tabaco.

Mal entrei no restaurante fui logo ignorado, embora isso já seja normal. Mas a minha mulher também foi ignorada. Isso é que já não é normal e é grave, por ser uma tarefa quase impossível. E ficámos ali aqueles 5 minutos à porta do restaurante, à espera que nos venham buscar, a apanhar bonés. E não há nada pior do que ficar parado à entrada de um restaurante a ver passar os empregados como se fossemos invisíveis. E ai de nós que interrompamos a actividade deles.

Lá conseguimos arranjar mesa. O espaço não é desagradável, mas grande demais para o meu gosto. Pelo menos para a ideia que eu faria do tão afamado Xico's. Esperava um lugar mais "cosy". Mas talvez o erro aí tenha sido meu. Talvez o Xico queira mesmo ter feito uma espécie de ambiente Portugália/cervejaria, e eu não me tenha percebido. Guiei-me pelos preços, e esses não eram de cervejaria...Havia um candeeiro muito bonito por cima da nossa mesa. E a vista é bonita. Só que o mal está feito a partida ou, neste caso, à chegada. O Jardim do Tabaco não é jardim nenhum, é mais um cemitério, o jardim dos mortos-vivos. E fica-se logo desmotivado.

Já sentados e pedidos, tivemos tempo para olhar em volta. O cenário não era o melhor. Toalhas de papel (bem sei que talvez a intenção tenha sido essa, mas não gosto de toalhas de papel, para o tipo de lugar que esperava, o que hei de fazer) muito barulho, copos mal lavados, embaciados de detergente, panos molhados no balcão, empregadas desbarrigadas e com ar sofredor, a correr de um lado para outro. Gosto de empregados de retsaurante não profissionais, torna-os mais próximos e calorosos. Mas estas eram demasiado não profissionais. Não posso dizer que tenha sido agradável. Mas eram simpáticas. Apesar de não me quererem dar trocos...para o tabaco. Dava a sensação que tinha faltado gente ao trabalho naquele dia. O pior é que não me parece ser esse o caso.

Com esta recepção, a única esperança estava na comida. Mas, apesar de ser a última a morrer, como se diz, morreu mesmo. Não me mal-interpretem. Não estava má. O bacalhau, com crosta (meio seca) de broa e coentros, estava fresco e salgado q.b.. O bife à Café Paris também não estava mal cozinhado, apesar da carne ser um bocado borrachosa, e do molho, apesar de saboroso, fazer lembrar o da Brasserie de l'Entrecote, mas em imitação. E aí é que está, é que só não estava mau. Tudo morno, à "prato do dia feito de manhã para sair mais rápido". Não deu, de todo, para compensar a experiência.

Pode ser uma questão de gosto, mas deste eu não gosto. Não fica na minha memória, pelo menos no bom sentido.

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