Mais um fim de semana, mais uma corrida. Desta vez à volta do aeroporto, expo, chelas e regresso à Gago Coutinho... estas corridas deixam sempre recordações para a vida. São verdadeiros episódios cómmico-tragicos dos quais vale a pena fazer parte, mas sempre imbuído do verdadeiro espirito participativo, se não passa-se ao lado.
Os "Unidos da Castilho" não se deixaram abater pelas íngremes subidas que a cruz vermelha, tão solidária, coitadinha, nos tinha preparado, e conseguiram um brilhante lugar a meio da tabela, na categoria das equipas. Não posso deixar de pensar que a escolha do percurso nada mais foi do que uma manobra inteligente de angariação de clientela...! E pelo que vi no final da prova parece ter resultado.
O melhor foi ter notado, e usufruído, do maravilhoso serviço de rastreio oftalmológico patrocinado pela Essilor, grátis, aos participantes. Ainda quis fazer antes da prova, altura em que ainda via qualquer coisa, mas o disparo da pistola de saída estava eminente.
Por isso, no final da prova, como não tinha que recuperar quase uma hora de perda de oxigénio no sangue, lá fui fazer o dito. E claro, disseram-me que não via nada, e que a minha visão estava tão má que saía dos padrões de normalidade. Se fosse o gajo a fazer a prova queria ver se via alguma coisa a seguir! Lá está, mais uma manobra de angariação de clientela..."Olhe, leva aqui o resultado e o nosso contacto, mas o melhor é comprar já uns óculos e se forem essilor damos-lhe um cupão prenda na próxima compra..." O verdadeiro marketing em acção. Bom, um conluio nítido entre a Cruz Vermelha e essilor..que mentes maquiavélicas.
Ao ler o meu último relato sobre a corrida do Tejo não consigo deixar de me perguntar que raio fui de novo fazer!!
Se na corrida do Tejo ainda tinha a desculpa de que era a primeira corrida, e gabava-me de não me incluir no grupo dos tontos que se torturam aos Domingos de manhã, again and again, desta vez já não tenho desculpas. Voltei a repetir a brincadeira, e voltei a pensar durante toda a corrida a razão de me sujeitar às caimbras e dores musculares inevitáveis.
O mais grave é que, horas depois de ter acabado a corrida e de prometer que não voltava, estava a receber uma mensagem a dizer" para a semana há outra no Lumiar, bora?". Pior do que isso, dei por mim e já tinha respondido com entusiasmo: "Claro!".
Agora resta-me perceber porquê. Porque é que, sabendo da dureza destas provas, do cansaço, do sofrimento de que tanto me queixo, volto a aceitar entrar. Lá no fundo acho que é pela razão original. Continuo a achar, do topo da minha arrogância, que poderá haver alguma hipótese de ficar entre os primeiros. Quão estúpida pode ser esta loucura...? Mas, sinceramente, não encontro outra explicação ou, aliás, encontro várias, a confraternização, a patilha do suor, a entre-ajuda entre corredores, o sentido de pertença...mas estaria a mentir, para não dizer outra coisa. Sei que não vai acontecer, mas por alguma razão idiótica, penso nisso, e assim.
Esta sensação não deve ser tão estranha quanto isso, porque ao longo da prova só ouvia os outros também a queixarem-se, a bufar por todos os poros e a dizer que estávamos "fodidos" porque a partir dali era sempre a subir... ainda deu para gastar umas batidas cardíacas necessárias à conclusão da prova para me rir à conta desse comentário em especial. O sujeito olhou para mim com cara séria de quem pensa "estás-te a rire de quê ó otário, paresse que taz tôle...da-se".
Enfim. Domingo lá estarei com os restantes "Unidos" para disputar mais um evento. Isto anda-me é a prejudicar a carreira culinária, nem forças tenho para escrever três linhas com os ingredientes... Em breve terei que fazer uma escolha, ou a carreira de maratonista ou a de culinário...difícil vida esta...
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